segunda-feira, 16 de março de 2009

CORDECTOMIA

Indicação

A cordectomia corresponde à exérese das porções mucosa e muscular da corda vocal após tirotomia vertical mediana por via externa.






Indicação para cordectomia: tumor limitado à porção membranosa da corda vocal sem atingir a comissura anterior nem apófise vocal e com mobilidade da corda vocal mantida.






O termo laringofissura corresponde a uma tirotomia mediana vertical, com o objectivo de expor o lúmen laríngeo. Os autores anglosaxónicos usam frequentemente o termo laringofissura de um modo mais abrangente, incluindo o tempo de exérese, ou seja, a cordectomia.

Técnica

A cirurgia é feita sob anestesia geral, com entubação oro-traqueal e traqueotomia no final, ou inversamente, com traqueotomia prévia sob anestesia local seguida de anestesia geral com ventilação assegurada por cânula ou tubo traqueal.
Utiliza-se uma única incisão cutânea, dois centímetros acima da fúrcula esternal dado não utilizarmos incisões separadas para a traqueotomia e para a abordagem laríngea. A incisão é arciforme, prolongando-se ao longo dos bordos anteriores dos músculos esternocleiodomastoideus.




Após o levantamento do retalho cervical cutâneoplatismal expomos a camada superficial e média da fáscia profunda que cobre os músculos infra-hioideus e que comporta as veias jugulares anteriores, estabilizando-se a exposição com afastadores auto-estáticos.



Por incisão vertical da camada superficial da fáscia profunda, na linha média, procede-se ao afastamento lateral dos músculos esterno-hioideus de modo a expor de cima para baixo a membrana tiro-hioideia e a chanfradura da tiróide, o ângulo anterior da cartilagem tiróide, a membrana cricotiroideia e o arco da cartilagem cricóide.
Feita a excisão do gânglio pré-laringeo (ou délfico) e a laqueação do pedículo arterial laríngeo antero-inferior, secciona-se e laqueia-se o istmo da glândula tiroideia.
Fazem-se duas pequenas incisões, uma no quadrante superior ao nível da chanfradura da cartilagem tiróide e outra inferior ao nível da membrana cricotiroideia que se unem por uma incisão vertical do pericôndrio externo ao longo do ângulo anterior da cartilagem tiróide com deslocamento mínimo lateral.




Exposta a cartilagem procede-se à tirotomia mediana que poderá ser feita com tesoura de Moure ou serra oscilante.



A laringotomia mediana permite-nos afastar as lâminas da cartilagem tiróide lateralmente, recorrendo-se a afastadores de ganchos traqueais ou afastadores auto-estáticos de Wullstein.

                                                        fig- Cordectomia: Laringotomia Mediana

Com o descolador de Freer ou rugina de Howarth procede-se ao descolamento da corda vocal no plano sub-pericondral interno até à cartilagem aritnóide.(fig 10)


                                           Fig.10 - Cordectomia: Descolamento da Corda Vocal

Sob visão directa e controlando as margens de segurança, que a nível das cordas vocais terão de ser no mínimo de dois milímetros, secciona-se face inferior da corda vocal. De seguida, procede-se do mesmo modo ao longo do pavimento do ventrículo até à apófise vocal da aritenóide, terminando com a secção mais posterior (com tesoura curva) que rasa apófise vocal aritenoideia.



Faz-se em seguida uma hemostase cuidadosa do leito da exérese, com recurso a electrocautério mono e bipolar. O petíolo da epiglote é reposto na sua posição com um ponto de sutura transfixivo à membrana tiro-hioideia e partes moles pré-laríngeas, suando fio reabsorvível.
A corda vocal contralateral poderá ser fixa ao pericôndrio externo ou eventualmente à própria lâmina da cartilagem tiróide.
Utilizando micromotor com perfurador ou agulhas intramusculares fortes, perfuram-se os bordos mediais das lâminas da cartilagem tiróide, em pontos justapostos, de modo a uni-las na linha média por dois pontos de sutura transfixivos superior e inferior.



A intervenção termina com a proximação do plano dos músculos pré-laríngeos, a confecção da traqueotomia, caso ainda não tenha sido efectuada, colocação de dreno de “silastic” para evitar a formação de hematoma ou de enfisema subcutâneo.

O encerramento é feito com sutura do plano subcutâneo com fio reabsorvível e sutura da pele.